quarta-feira, 27 de abril de 2011

A Crise de 1929: O Fim de Um Sonho

A crise de 29 ceifou a maré de sorte do capitalismo deixando
muitos na pobreza extrema.
     Era 24 de outubro de 1929. Charles Wilson, um importante acionista de um banco famoso se levanta da cama e vai tomar o seu café sem nenhuma preocupação. Vai para o trabalho e recebe a notícia de um amigo: "aconteceu o crack na Bolsa de Valores. Estamos falidos." Nesse instante, a vida de Charles passa diante de seus olhos. Tudo o que construiu com muito sacrifício se esvai. E o pior. No dia anterior, era um homem bem sucedido nos negócios. Agora, estava literalmente pobre. Não aguentou a decepção e se suicidou. Era a quinta-feira negra que marcou o início da pior crise da história do capitalismo e que levou inúmeros à pobreza  e ao desemprego. Seria o início de um desespero que duraria toda a década de 30. 

Os Anos 20: a Euforia Econômica
  
Publicidade do refrigerante Coca-Cola,
de 1924. Repare que a mão de um ho-
mem bem-sucedido mostra o copo dian-
te da cidade de Nova Iorque para exaltar
o sucesso dos EUA e sua modernidade. 
     Após o fim da Primeira Guerra Mundial, os EUA saíram como a maior potência mundial. A produção norte-americana de carros era a maior do mundo. Estima-se que 85% de todos os automóveis fabricados no mundo eram produzidos nos Estados Unidos. E toda essa arregalia na produção industrial não se restringia somente à indústria automobilística. Eles eram também os maiores produtores mundiais de petróleo, aço, carvão, tecidos, comida enlatada e muito mais. Isso provocou uma grande dilatação na economia dos norte-americanos que abriam novas fábricas e faziam novos investimentos. Uma verdadeira euforia econômica, já que a economia não parava de crescer e os lucros não paravam de aumentar.
     Se a burguesia estava feliz com todos os seus cofres, que a cada dia ficavam mais cheios, imagine a felicidade da classe média norte-americana, que tinha a sua vida marcada pelo consumismo exacerbado. A vida destes privilegiados se resumia a um verbo: comprar. Comprar o quê? Ora, poderia ser um carro, um abajur, um aspirador de pó, comida enlatada, rádios ou uma geladeira. Tudo do bom e do melhor. Algo, que estava praticamente ao alcance apenas dos norte-americanos.


                                            Os Loucos Anos 20: Uma Verdadeira Farra

Os casais se divertem em uma boate de jazz, marcada pelo
colorido e pela bagunça. Repare o corte curto de cabelo das
mulheres e seus braços nus. A inovação da década de 20.
     A década de 20. Quem nunca ouviu falar deste período de festa das classes médias e burguesas norte-americanas? Conhecido como Os Loucos Anos 20, foi uma época de farra, festas e prazer. Uma verdadeira alegria sem fim e também um verdadeiro "cabarezal".
     Viver na década de 20 significava o divertimento sem compromisso algum. Significava dançar charleston nas boates que viviam abarrotadas de rapazes e moças. Significava as mulheres poderem fumar e usar roupas coladas e cabelos curtos. Sem falar no jazz que arrasava os corações dos jovens.
     Nessa mesma época, houve o surgimento do movimento surrealista que procurava libertar o homem comum da ditadura racional, que esmagava o irracional e o inconsciente, responsáveis pelo papel criativo no homem. Ou seja, era uma profunda crítica aos burgueses que só pensavam em lucrar.
     Mas, sem dúvida, um dos maiores impactos na civilização da época foi o rádio. Já imaginou ouvir pela primeira vez algo que estava sendo transmitido na mesma hora e no mesmo instante a dezenas de milhares de famílias espalhadas por todo o mundo? Era todos sentindo a mesma emoção de uma notícia. Agora, a humanidade se fazia mais próxima e uniforme, mesmo não estando todos numa mesma sala.

                                                          Um Herói Bandido: Al Capone

     Entre 1920 e 1933, foi imposta a Lei Seca. Desta forma, estava proibida a fabricação e a comercialização de bebidas alcoólicas. O resultado? Nunca se bebeu tanto nos Estados Unidos.
Al Capone, o mais famoso dos gângsteres. Ma-
tou, roubou e mesmo assim é considerados por
muitos um grande herói.
     E foi nessa época que entrou em ação os gângsteres, famosas quadrilhas de marginais que fabricavam uísque clandestinamente e contrabandeavam inúmeras bebidas. O mais famoso deles foi Al Capone. Conhecido pela sua crueldade e frieza com que assassinava qualquer que o atrapalhasse, subornou políticos e policiais. Era dono de casas de jogos, clubes noturnos, cervejarias e bordéis chegando a faturar mais de 120 milhões de dólares com todas as suas ilegalidades. Devido às suas noitadas bastante devassas acabou contraindo sífilis. Só conseguiram prendê-lo após descobrirem que ele sonegava o imposto de renda. Sendo assim, foi condenado a 11 anos de prisão, mas teve a sua pena revista devido à complicações de sífilis, doença que lhe levou à morte em 1947, pondo fim à vida de assassinatos e atividades ilegais.
     Porém, mesmo com toda essa biografia escrupulosa, muitos o consideram um herói. Talvez, essa imagem tenha vindo das informações passadas pelos filmes, que colocam Al Capone como o mocinho da história. O que leva a mídia a criar histórias falsas a respeito de determinadas personalidades? Qual o problema em contar as histórias como elas realmente aconteceram? Será que a mídia procura familiarizar os seus espectadores com o crime e a malandragem? Boas perguntas.

                                            O Início da Grande Depressão: Crack da Bolsa

Uma multidãose aglomera em frente à Bolsa de Nova York,
em Wall Street. Era o crack.
     Era 24 de outubro de 1929. O terror toma conta da Bolsa de Valores de Nova York. Muitos dos grandes empresários viam o valor das ações de suas empresas despencando a ponto de não valerem mais um centavo. Um verdadeiro abismo que tragou inúmeras empresas levando-as à falência. Era o fim da maré de sorte do capitalismo e o início da Grande Depressão. Estava acabado o sonho de consumo das classes média e burguesas de todo o mundo.
     Com o crack (quebra) da Bolsa de Nova York, não demorou muito para que o resto do mundo sentisse todo o terror. Devido à grande interligação da economia mundial com poucas horas depois, a bomba estoura nas bolsas em Londres, Tóquio, Berlim, Amsterdã e Paris.
O Grito, de Edvard Munch. Um retrato da Grande
Depressão: terror, angústia e solidão.
     Mas talvez você esteja se perguntando por que as bolsas de valores de outros países acabaram sofrendo se todo o problema iniciou-se nos Estados Unidos? A resposta é simples. Já naquela época, a economia do mundo inteiro estava muito interligada. Os EUA, já sendo a maior potência mundial, era um país que tinha um enorme mercado consumidor o que levava à importação de inúmeros produtos de outros países para suprir essa grande demanda. Para exemplificar melhor, supomos que você seja dono de uma fábrica de automóveis. Como dito anteriormente, havia uma grande procura por automóveis, principalmente pela classe média,  tornando-se necessário a fabricação de muitos carros o que exigia matéria-prima. Todo esse material necessário para a fabricação seria aço, pneus de borracha, estofados, óleos lubrificantes, graxa e etc. A maioria dessas mercadorias eram compradas de empresas de outros países. Com a quebra da bolsa, sua fábrica acabou sofrendo com a diminuição da produção o que acabou prejudicando as empresas as quais você adquiria as matérias-primas. Automaticamente, os outros países também acabavam entrando na crise.

                                                                 A Superprodução 
    
    O pensador francês Charles Fourier dizia: "No capitalismo, a abundância gera a miséria." Podemos dizer que esta simples frase resume todo o motivo para que hovesse a Grande Depressão. Para entedermos esta ideia por completo iremos analisar mais detalhadamente a forma como o sistema capitalista funciona.
O contraste entre o american way of life e a fome e o desem-
prego. Fila de proletários que buscam pelo alimento.
     Na sociedade capitalista, quase tudo que temos ou o que queremos é uma mercadoria. Foi feita para ser vendida. Um perfume, um carro, um alimento, uma roupa, um celular. E para obter todos estes produtos é necessário comprar. E os empresário que os fabricam precisam vender para poder lucrar. Para que os lucros sejam bem altos é necessário obter matéria-prima e mão de obra baratas. E claro, os preços lá em cima. Nesta sociedade capitalista, o que vale é a lei do "cada um por si". Os empresários, visando maximizar os seus lucros, procuram produzir algo que agrade para poder vender muito, pois todo aquele empresário que não vende, sabe que a falência está a um passo. Por isso, o que vale é a inovação. Criar algo exclusivo, que agrade aos consumidores, incitando-os a comprarem. Os seus concorrentes para não ficarem para trás, inventam novos produtos que chame a atenção dos consumidores. E assim a coisa vai indo.
     Porém, desde Adam Smith, o principal era o ideal do livre mercado. Ou seja, cada empresário que cuidasse do seu próprio negócio. Ou seja, se caso o executivo estava tendo doces lucros, sorte sua. Se caso estivesse se lascando, azar o dele. Desta forma, todos acreditavam que devido a esta autonomia particular somada à inovação produtiva a economia crescia cada vez mais. Só não contavam com a desorganização econômica que isso gerava.
    
   
        
    
    
    


  

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